quinta-feira, 22 de maio de 2008

2 - SÍNTESE HISTÓRICA DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA BRASILEIRA - ICAB

Nos primeiros séculos do Cristianismo, as Igrejas Nacionais viviam e desenvolviam-se com autonomia completa. Eram livres.

Para contar um pouco da história da Igreja Católica Apostólica Brasileira, temos que, antes de mais nada, falar sobre 4 nomes importantes que participaram de sua história:

1.º) o Padre Diogo Antônio Feijó;

2.º) o Deputado Rafael de Carvalho;

3.º) o Cônego Manuel Carlos de Amorim Corrêa, e

4.º) Dom Carlos Duarte Costa, também conhecido como São Carlos do Brasil ou Bispo de Maura. São Carlos do Brasil era bispo e sucessor dos Apóstolos.

Vamos falar um pouco sobre cada um deles.


PADRE DIOGO ANTÔNIO FEIJÓ

Quando Dom Pedro I abdicou, isto é, quando renunciou continuar sendo imperador do Brasil, e passou o império em favor de seu filho Pedro II, o Brasil ficava sem governante: afinal, o herdeiro do trono tinha apenas 5 anos de idade.

Até que atingisse a maioridade, foi estabelecido um governo chamado de regência. A princípio, essa regência era trina (quer dizer, havia três governantes), e depois una (um governante só).

Tanto na regência trina como na regência una destacou-se esse ilustre nome da nossa História: Diogo Antônio Feijó.

Mas, afinal, quem foi ele?

Em agosto comemora-se o seu nascimento. Não se sabe a data certa. Porém, foi em princípios do mês. Segundo alguns historiadores, teria sido no dia 3, em 1784, em São Paulo. Foi ordenado presbítero (padre) em 25/10/1805. Faleceu em 10/11/1843.

Sua carreira política tem início ao eleger-se deputado em 13/11/1921 às Cortes Gerais portuguesas, onde defende a separação do Brasil do Paraguai, o que resulta na perseguição aos parlamentares brasileiros.

Deputado também após a Independência do Brasil (legislaturas de 1826 a 1829 e de 1830 a 1833) e ministro da Justiça (05/07/1831 a 03/08/1832), dedicou-se à repressão das revoltas da época.

Figura curiosa e cheia de contrastes, foi um político e sacerdote de costumes privados irrepreensíveis. Com uma energia digna e invejável, propôs a idéia de romper de vez qualquer laço com Roma, isto é, com o papado. Em contribuição a isso, apresentou uma proposta que foi muito polêmica, mas nem por isso foi ilógica ou imoral: defendeu a abolição do celibato clerical. Isto quer dizer que, pela proposta apresentada, os padres poderiam casar. Sua obra: Demonstração da Abolição do Celibato Sacerdotal.

Tudo isso, juntamente com o profundo regalismo pombalino e à proposição do reconhecimento dos costumes vigentes no clero do País, por pouco não se institui uma igreja nacional.


DEPUTADO RAFAEL DE CARVALHO

O Deputado Rafael de Carvalho, representante da Província do Maranhão, apresentou um projeto na sessão legislativa de 1835 (mesma época do Padre Feijó), propondo a separação da Igreja Brasileira da igreja romana.


CÔNEGO MANUEL CARLOS DE AMORIM CORRÊA

Em 1910, o bispo de Campinas da igreja católica apostólica romana mandou o Cônego Manuel Carlos de Amorim Corrêa trabalhar em Itapira (SP) com a missão de aniquilar, acabar de uma vez por todas com a religiosidade popular que havia naquela cidade.

Assim que chegou, o Cônego Manuel tentou cumprir com sua missão. Porém, concluiu depois que não poderia acabar com a fé e com a religiosidade daquela gente simples, humilde e boa. Achava, inclusive, que muitos dos aspectos daquela religiosidade popular deveriam ser incorporados na liturgia oficial da Igreja.

Diante disso, deixou de lado a sua missão e passou a defender aquele povo e até os seus costumes religiosos. Isto fez com que fosse excomungado.

Em resposta à excomunhão, em 30/01/1912 implantou a IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA BRASILEIRA lá em Itapira, Estado de Santo Paulo. Recebeu grande apoio da população.

Com a implantação da Igreja Católica Apostólica Brasileira pelo Cônego Amorim, concretizaram-se os ideais do Padre Diogo Antônio Feijó e do Deputado Rafael de Carvalho: estava instituída a Igreja Nacional.

“Vitimado por uma gripe, foi envenenado pelo farmacêutico, comprado por dez contos de réis e educação gratuita de duas filhas. Cheio de remorsos, na hora de sua morte (o farmacêutico), fez esta revelação”.

A Igreja fundada por Amorim não foi adiante por não ser ele bispo. Sobreviveu até por volta de 1935.


São Carlos do Brasil

(DOM CARLOS DUARTE COSTA)


Nasceu no Rio de Janeiro em 21 de julho de 1888. Seus pais foram João da Mata Francisco da Costa e Maria Carlota Duarte Silva Costa. Foi batizado no dia 03 de setembro do mesmo ano pelo Pe. Francisco Goulart, e crismado também em 1888 por Dom João Eberhard. Sua 1.ª Comunhão foi em 24 de julho de 1897; contava, então, com 9 anos de idade.

Com seu tio, Dom Eduardo Duarte Silva, Bispo de Uberaba (MG), embarcou neste mesmo ano para Roma, a fim de estudar no Colégio Pio-Latino Americano, cursando, assim, o Seminário Menor.

Regressou ao Brasil em 1905 e foi cursar o Seminário Maior em Uberaba, com os padres Agostinianos, ainda na igreja romana. Concluindo seus estudos, foi ali ordenado Presbítero (Padre) no dia 11 de abril de 1911 por seu tio Dom Eduardo Duarte Silva. Contava com 23 anos de idade. Celebrou ali mesmo sua primeira missa no dia 4 de maio de 1911. Depois, retornou a Roma, a fim de cursar Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana.

De volta, foi morar no Rio de Janeiro, sua terra natal, sendo ali nomeado Cônego Capitular. Pela publicação de um catecismo destinado a crianças, foi premiado com o título de Monsenhor, e em seguida, Protonotário Apostólico. Também foi nomeado Secretário Geral da Arquidiocese do Rio de Janeiro, pelo Cardeal Joaquim Arcoverde. Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra foi o substituto do Cardeal Joaquim Arcoverde e nomeou Dom Carlos Duarte Costa Vigário-Geral.

Em 04 de junho de 1924, foi eleito Bispo e designado para a Diocese de Botucatu, Estado de São Paulo, por Decreto de Pio XI.

Em 08 de dezembro de 1924, foi sagrado Bispo na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro pelo Cardeal Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra, sendo seus co-sagrantes Dom Benedito Paulo Alves de Souza, Bispo Diocesano do Espírito Santo, e Dom Adalberto José Gonçalves, Bispo Diocesano de Ribeirão Preto. Contava com 36 anos de idade e 13 anos de sacerdócio.

Assim que foi sagrado, tomou posse de sua Diocese, iniciando trabalho restaurador e de conscientização do povo e do clero.

Construiu a Catedral, dedicada a Sant’Ana, o Seminário Diocesano, o Colégio dos Anjos e criou a Congregação das Missionárias Terezinhas. Organizou o Batalhão de Caçadores de Botucatu, que participou da Revolução de 30, demonstrando seu profundo amor à liberdade e às instituições democráticas.

Suas idéias de democracia e de liberdade, em conjunto com o desejo de ver uma maior integração entre as diversas religiões, e também pelo desejo de que houvesse respeito para com as demais outras Igrejas, de que houvesse vida familiar para os padres e de que fosse abolida a lei do celibato, e também por causa da imoralidade da confissão auricular (confissão no ouvido do padre), lhe valeram o ódio, a ira e a raiva dos irmãos no episcopado romano e sucessivas investidas para jogá-lo contra o papa.

Convicto na fé, obrigado pelas circunstâncias, mas respeitado por todos, vai a Roma para pessoalmente entrevistar-se com o papa.

Pouco se sabe dos seus entendimentos com Roma, mas, analisadas as circunstâncias, nota-se que a partir daquela data muita coisa já não mais seria favorável aos seus ideais.

De volta ao Brasil, em princípios de 1937, renuncia as suas prerrogativas e a Diocese de Botucatu, e passa a ser Bispo titular de Maura.

Mesmo tendo sido proibido, Dom Carlos Duarte Costa continua seu trabalho pela causa que abraçara. No Rio de Janeiro registra, em julho de 1934, a Revista Mensageiro de Nossa Senhora Menina, veículo propagador de suas idéias.

O desejo de ver o Brasil para o Brasil para os brasileiros e de ver uma Igreja humana, não arrogante nem prepotente, mais cristã e menos hierarquizada, fez mover ainda e com mais furor o ódio de seus opositores, iniciando então as perseguições.

Dom Carlos Duarte Costa foi um profeta do socialismo cristão e desejava ver sua terra totalmente livre, onde valores humanos e nacionais fossem respeitados.

Corajoso, analisava todos os problemas humanos, dos bens necessários, da degeneração da Igreja de Roma. Taxado de comunista – ele, que era contra o comunismo -, atravessou todos os perigos consciente de sua missão.

Foi excomungado pela igreja de Roma. E, a 06 de julho de 1944, por ordem do governo, a pedido do Núncio Apostólico, combinado com fascistas brasileiros, foi preso e levado para Belo Horizonte, lá ficando até 04 de setembro, quando foi solto a pedido da ABI – Associação Brasileira de Imprensa e da Embaixada do México, Estados Unidos da América e Inglaterra.

A luta e as perseguições contra ele são reiniciadas. Felizmente, não mais havia a "santa"(???) inquisição; caso contrário, teria sido condenado à fogueira como herege e seria mais uma das vítimas de um tribunal integrante da igreja que, ao longo dos séculos, solidificou toda sua força e fortuna também às custas do sangue inocente daqueles que condenou à morte. E tudo, "obviamente, em nome de Deus!?".

Chega, finalmente, o grande dia, a data magna na história da Igreja Nacional: em 06 de julho de 1945, no Rio de Janeiro, o Bispo de Maura, cercado de amigos, fiéis e devotados brasileiros, acima de tudo cristãos, institui juridicamente a IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA BRASILEIRA – ICAB, liberta do jugo do Vaticano e completamente nacional. Foi proclamado o seu primeiro Bispo.

Depois, Dom Carlos Duarte Costa renuncia o título de Bispo de Maura, ficando, por isso, conhecido como o ex-Bispo de Maura.

No dia 18 de agosto de 1945 fez publicar o Manifesto à Nação, um dos principais documentos da nova Igreja, dando, com isso, seu desligamento definitivo da Igreja Romana.

Dom Carlos Duarte Costa orientou e dirigiu a Igreja dos brasileiros durante 16 anos. Subiu à morada dos Anjos no dia 26 de março de 1961, com a idade de 73 anos de uma vida dedicada ao Senhor, 50 anos de sacerdócio e 37 de episcopado.

Sua vida, irrepreensível e autêntica, aliada às suas idéias e ações santas e cristãs, lhe valeram a hora dos Altares, por decisão do Concílio Nacional de 06 de julho de 1970, sob o título de SÃO CARLOS DO BRASIL, com o qual é invocado.

O imenso desejo de ver todos os seres reunidos no grande Rebanho de Cristo, amando-se e respeitando-se com Deus, e os esforços envidados para a concretização deste ideal, lhe valeram o justo e merecido título de Pai do Ecumenismo dado pela Igreja.

Seus restos mortais repousam no Templo Nacional – Monumento da Penha -, justamente no local onde foi plantada a semente da Igreja Brasileira, no Rio de Janeiro (Rua do Couto, n.º 54).


HINO A

SÃO CARLOS DO BRASIL

R) São Carlos do Brasil,

nosso protetor,

dai-nos a vossa bênção,

dai-nos vosso amor.

Desde que nascestes,

fostes preferido,

para evangelizar

nosso Brasil querido.

Guiai a vossa Igreja,

pra que com santo amor,

plantemos a semente

o Evangelho do Senhor.

Nenhum comentário: